Hoje, o Real Madrid não contará com um torcedor ilustre nas arquibancadas do Santiago Bernabéu no clássico com o Barcelona, às 16h (de Brasília). No mesmo horário, o espanhol Ilia Topuria vai enfrentar o americano Max Holloway, em Abu Dhabi, na disputa do peso-pena no UFC 308. O lutador vai defender o cinturão da categoria, conquistado em fevereiro deste ano.
Uma semana após o lutador conquistar o título mundial, ele viveu um dos momentos mais marcantes fora do octógono. Topuria deu o pontapé inicial na partida entre o Real Madrid e o Sevilla, no Bernabéu, e foi ovacionado pela torcida. O lutador não vai poder ver o “El Clasico” de hoje, mas já está na torcida para que Vini Jr. leve a Bola de Ouro na segunda-feira.
— Todo mundo sabe que sou torcedor do Real Madrid, que também conta com uma grande contribuição de brasileiros, como Vinicius, Rodrygo, Militão e Endrick. Foi uma honra que o Vini estivesse na estreia do meu documentário. Desejo a ele tudo de melhor e possa conquistar a Bola de Ouro — diz Topuria, que também reconhece a importância do Brasil para o sucesso do MMA. — Não se pode entender o UFC sem o Brasil. De fato, o primeiro evento da companhia, em 1993, foi vencido por um brasileiro, Royce Gracie. Atualmente, Oliveira (Charles), Pereira (Alex) e Pantoja (Alexandre) também se tornaram magníficos representantes desse esporte. Está claro que o UFC tem um forte sabor brasileiro.
De família georgiana, Topuria nasceu na Alemanha, retornou à Geórgia e imigrou para a Espanha, aos 15 anos. Foi na terra natal dos pais onde teve o primeiro contato com a luta greco-romana, a sua especialidade. Em solo espanhol, aprimorou o MMA, ao lado do irmão Aleksandre, graças à curiosidade da sua mãe.
—É uma história curiosa. Ao chegar em Alicante (cidade da costa leste da Espanha), minha mãe, sabendo que gostávamos de luta, viu um homem com as orelhas de couve-flor (é assim que os lutadores ficam depois de várias lutas devido aos golpes que recebem). Ela perguntou se ele lutava e assim descobrimos o Club Climent, a academia onde nos treinamos como lutadores e pessoas. Não sabíamos falar espanhol, e lá aprendemos a nos integrar em nosso novo país, fizemos amigos e começamos a crescer em todos os sentidos. Com 15 anos, dissemos para meu pai que não queríamos mais ir ao colégio porque tínhamos claro o que faríamos da vida — conta Topuria.
O peso-pena estava certo. O MMA seria seu futuro. Mas não foi tão simples chegar ao UFC, a principal organização das artes maciais mistas. A primeira oportinidade só veio em 2020 a convite — o MMA foi o único esporte que não parou durante a pandemia. Mas foi o suficiente para provar seu valor. Quatro anos depois, ele tem no currículo 15 lutas e 15 vitórias.
A invencibilidade vem sendo forjada com um misto de técnica e extrema confiança no seu talento. E é assim que ele pretende manter o cinturão no confronto com Holloway. Topuria não aceita outro lugar que não seja o topo.
— Sei que sou o melhor e preciso provar isso. A mentalidade é essencial no esporte e na vida. No Brasil, vocês têm grandes lutadores, como Alex Pereira e Charles Oliveira, que admiro pela tenacidade e por como surgiram de origens muito humildes, assim como eu, e sabem o que é necessário para vencer no octógono. A questão mais importante é provar que você é tão bom quanto pensa que é. minha meta sempre foi ser o número 1 do mundo; nunca me contentei em ser top 5 ou top 3 — analisa Topuria, que colocou a Espanha no mapa do UFC.
— Sou o que chegou mais alto, mas não sou o primeiro espanhol a lutar no UFC. Antes, houve outros que abriram caminho. Todos contribuíram para o crescimento das MMA na Espanha, mas acho que, com meu título, desencadeou-se uma febre importante e cada vez mais jovens estão indo aos ginásios. É algo parecido com o que aconteceu quando Fernando Alonso foi campeão mundial de F1; naquela época, milhares de crianças se inscreveram no kart para tentar ser como ele algum dia — conta.
Aos 27 anos, Topuria vislumbra o futuro. Não será totalmente fora das lutas, claro. Junto aos projetos empresariais e o lançamento, em breve, da sua Fundação, ele quer experimentar outros desafios num ringue.
— Ainda me restam alguns anos no UFC, mas quando me retirar, gostaria de experimentar o mundo do boxe. Tenho o sonho de poder lutar contra Canelo Álvarez no México. Ele é um boxeador impressionante — diz.