A Ambev (ABEV3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 3,56 bilhões no terceiro trimestre, uma queda de 11,4% em relação ao mesmo período do ano anterior. No acumulado de janeiro a setembro, o lucro líquido ajustado somou R$ 9,85 bilhões, representando um recuo de 6,7% frente ao mesmo período de 2023.
O lucro líquido geral da empresa foi de R$ 3,56 bilhões, uma queda de 11,2% no comparativo anual. No período de janeiro a setembro, o lucro totalizou R$ 9,22 bilhões, 5,8% a menos do que o registrado nos primeiros nove meses de 2023.
Nesta manhã, reagindo à divulgação dos dados trimestrais da companhia, as ações da Ambev abrirão o pregão em forte queda de 2,78%, negociadas a R$ 12,55.
O Conselho de Administração também aprovou um programa de recompra de até 155,159 milhões de ações ordinárias, com potencial de investimento de cerca de R$ 2 bilhões, a serem executados nos próximos 18 meses.
Principais linhas do balanço da Ambev
O Ebitda ajustado orgânico da Ambev, que indica o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, subiu para R$ 7,063 bilhões, um crescimento de 8,5% em comparação ao 3T23. No acumulado de janeiro a setembro, o Ebitda ajustado chegou a R$ 19,4 bilhões, alta de 12% em relação ao ano anterior.
O crescimento no Ebitda ajustado foi acompanhado por uma elevação na margem Ebitda, que alcançou 32%, um aumento de 1,1 ponto percentual no trimestre. De janeiro a setembro, a margem Ebitda ajustado ficou em 31,1%, 2,2 pontos percentuais acima do mesmo período de 2023.
Receita avançou no trimestre
A receita líquida orgânica da Ambev alcançou R$ 22,096 bilhões no trimestre, um avanço de 4,9% na comparação anual. No acumulado de janeiro a setembro, a receita líquida foi de R$ 62,4 bilhões, um crescimento de 4,7% em relação ao mesmo período de 2023.
O desempenho positivo foi impulsionado pelo aumento de 5,5% na receita por hectolitro (ROL/hl), indicador de quanto a empresa gera por volume de vendas.
O volume consolidado da Ambev foi de 45,062 mil hectolitros, representando uma queda de 0,6% no comparativo anual, impactado especialmente pela retração no mercado argentino. No Brasil, o volume cresceu 1,3%, com avanços de 0,6% no segmento de cervejas e de 3,4% na categoria NAB (não alcoólicos e bebidas).
Desempenho da Ambev por região
Os diferentes segmentos de atuação da Ambev também apresentaram variações de desempenho:
- Brasil: A receita líquida de cervejas cresceu 3,5%, enquanto o volume aumentou 0,6%.
- América Latina Sul: Registrou queda de 7,7% no volume, afetada pela alta inflação na Argentina. No entanto, a receita líquida avançou 6,9%, com o ROL/hl crescendo 15,9%.
- América Central e Caribe: A receita líquida aumentou 4,7%, impulsionada pela performance na República Dominicana.
- Canadá: Receita praticamente estável, com leve crescimento no ROL/hl, compensando a queda de 1,4% no volume.
BTG Pactual mantém posição neutra para Ambev em meio a desafios de mercado
O BTG Pactual manteve recomendação neutra para as ações da Ambev, com preço-alvo de R$ 15, em virtude dos desafios no mercado brasileiro de cervejas. Desde 2020, a Ambev se beneficiou da crise da concorrente Petrópolis, recuperando participação de mercado, mas a retomada de Petrópolis agora ameaça parte desse ganho. A qualidade do portfólio, distribuição e ferramentas digitais como BEES e Zé serão decisivas para a Ambev manter a competitividade.
Segundo o banco, a pressão na “guerra de preços” no segmento de cervejas, com dificuldade em repassar preços ao consumidor, limita o potencial de crescimento da Ambev.
O BTG considera que a estratégia de preços agressivos da Petrópolis não é sustentável a longo prazo, mas, enquanto ativa, representa um risco de baixa para a Ambev. Com os múltiplos já reduzidos, o banco vê poucas razões para uma revalorização das ações.