A São Martinho (SMTO3) registrou um lucro líquido de R$ 187,5 milhões no segundo trimestre da safra 2024/2025, marcando uma queda de 55,2% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Nos primeiros seis meses da safra, o lucro somou R$ 293,8 milhões, representando redução de 54%, atribuída ao término dos recebimentos do rogatório Copersucar, que havia impactado positivamente o balanço anterior.
Em contrapartida, a receita líquida da companhia no período totalizou R$ 1,9 bilhão, com subida de 27,6% em relação ao segundo trimestre da safra anterior, enquanto no semestre a receita acumulou R$ 3,6 bilhões, com uma expansão de 25,1% em relação ano pretérito.
Esse desenvolvimento foi impulsionado por preços e volumes maiores de etanol, além de um aumento no volume de açúcar comercializado, mesmo com preços médios menores.
Às 14h38 (horário de Brasília), as ações da São Martinho (SMTO3) registravam queda de 5,14%, negociadas a R$ 24.
EBITDA ajustado e alavancagem em destaque
O EBITDA Ajustado da São Martinho alcançou R$ 943,1 milhões, registrando um aumento de 44% em relação ao segundo trimestre. Já a margem EBITDA Ajustado subiu para 48,1% no trimestre (+5,5 p.p.); enquanto nos primeiros seis meses da safra o EBITDA Ajustado acumulou R$ 1,6 bilhão, com margem de 44,7% (+2,7 p.p.).
Esse desenvolvimento indica uma maior eficiência operacional e preços favoráveis, mormente para o etanol, mas também um aumento no endividamento.
A dívida líquida da empresa chegou a R$ 4,7 bilhões em 30 de setembro de 2024, um desenvolvimento de 41,8% desde março. A alavancagem (Dívida Líquida/EBITDA Ajustado LTM) está em 1,35x, elevando os custos financeiros e indicando maior comprometimento de capital para investidores.
Impacto das queimadas e condições climáticas
As queimadas no interno de São Paulo, principalmente no final de agosto, alteraram o ritmo de moedura de cana-de-açúcar e comprometeram a disponibilidade de matéria-prima para o restante da safra.
O volume totalidade de cana processada foi de 18 milhões de toneladas no semestre (+2,6%), enquanto o açúcar produzido caiu para 1,1 milhão de toneladas (-1,9%). Por outro lado, o etanol aumentou 13,1%, ajustando o mix de produção da empresa para uma abordagem mais alcooleira.
Produção e processamento de milho
A vegetal de etanol de milho da São Martinho teve uma produção de 109,7 milénio m³ de etanol, o que representa uma subida de 33,5% no semestre.
O desempenho reflete a estabilização da unidade em sua capacidade totalidade de moedura e aumento da eficiência na conversão de milho em etanol. O subproduto DDGS, utilizado na nutrição bicho, também cresceu, atingindo 70,9 milénio toneladas, com aumento em 29,6%.
Projeções para a safra 2024/25
A São Martinho revisou seu guidance para o restante da safra 24/25. A expectativa é que a produção de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) alcance 3.163,1 milénio toneladas, mantendo-se alinhada às estimativas iniciais. A moedura de cana foi ajustada para 22,2 milhões de toneladas, com uma redução de 1% devido às queimadas e ao déficit hídrico.
A vegetal de etanol de milho deve processar 500 milénio toneladas de milho, gerando 210,2 milénio m³ de etanol, representando um aumento de 5,1% em relação à projeção inicial.
As novas estimativas indicam uma maior eficiência industrial, com impacto potencial no preço das ações, já que o aumento na produção de etanol pode ajudar a ressarcir a menor disponibilidade de cana.
Em estudo do BTG Pactual, considera-se que os resultados divulgados pela empresa ficaram supra do esperado. No entanto, a atualização para o guidance decepcionou, principalmente para o mix no ano-safra 24/25, que registrou uma queda de 54%-46% para 61%-39%, ainda mais alcooleiro.
Com esta avaliação, o banco optou por manter a recomendação para as ações da São Martinho uma vez que a sua ação preferida no setor de açúcar e etanol, considerando sua base de ativos incomparável (baixos custos de produção) e alocação de capital disciplinada.
*Com informações da sucursal de notícias CMA