Nos últimos meses, os brasileiros enfrentaram taxas de juros bastante elevadas no crédito rotativo do cartão de crédito, o que tem gerado preocupação entre consumidores e economistas. Em setembro de 2024, a taxa de juros anual alcançou 442,1%, destacando-se como a mais alta desde dezembro de 2023. Esse cenário coloca o crédito rotativo como uma das opções mais caras no mercado financeiro, superando em várias vezes a taxa básica de juros da economia.
O crédito rotativo entra em cena quando o cliente não consegue pagar o valor total da fatura do cartão na data do vencimento. Especialistas recomendam evitar essa modalidade de crédito devido aos altos custos associados. A orientação é que os usuários paguem o valor integral das suas faturas, sempre que possível, para evitar encargos exorbitantes.
Como funciona a limitação da dívida do cartão de crédito?
Desde o início de 2024, uma nova regra entrou em vigor para tentar conter o impacto das elevadas taxas de juros do crédito rotativo. Essa norma estabelece que a dívida total não pode ultrapassar o dobro do valor inicial, excluindo o IOF. Por exemplo, uma dívida que começa em R$ 100 não pode exceder R$ 200, incluindo juros e outras taxas. Essa medida foi considerada temporária pelo Banco Central, que ainda estuda soluções de longo prazo para o problema.
A decisão de limitar a dívida foi uma resposta aos crescentes índices de inadimplência e visou impedir o crescimento descontrolado do endividamento dos consumidores. Roberto Campos Neto mencionou que, embora a solução temporária tenha trazido melhorias, a busca por alternativas equilibradas continua.
Qual é o cenário dos juros bancários e do Crédito em geral?
No cenário geral dos juros bancários, em setembro de 2024, a taxa média cobrada dos consumidores por operações de crédito subiu para 39,9% ao ano. Esta foi a maior taxa registrada desde junho de 2024. Já no que tange às empresas, as taxas caíram ligeiramente, refletindo um menor custo de capital para este setor.
O aumento no volume total de crédito bancário também é notável. Em setembro, o mercado de crédito expandiu em 1,2% em relação ao mês anterior, alcançando R$ 6,2 trilhões. Destaca-se um crescimento no crédito tanto para empresas quanto para famílias, com saldos de R$ 2,4 trilhões e R$ 3,8 trilhões, respectivamente.
Quais são os impactos da inadimplência no crédito?
A alta nos juros tem relação direta com os níveis de inadimplência, que se mantiveram elevados em 3,2% em setembro de 2024. Para as operações com pessoas físicas, esse índice foi ainda maior, atingindo 3,8%, o maior desde outubro de 2023. No caso das empresas, a inadimplência estabilizou-se em 2,4%, marcando o maior patamar desde julho de 2024.
Esses números refletem os desafios que tanto consumidores quanto empresas enfrentam para cumprir com suas obrigações financeiras, especialmente num cenário de crédito caro e escassas alternativas. Faz-se necessário que medidas mais robustas sejam implementadas para alavancar uma recuperação sustentável e acessível.
Quais estratégias podem ser adotadas pelos consumidores?
Diante desse cenário, os consumidores precisam adotar estratégias prudentes para gerir suas finanças e evitar cair nas armadilhas do crédito caro. Uma das alternativas é buscar a portabilidade de crédito, que pode oferecer condições mais vantajosas. Além disso, sempre que possível, é recomendável planejar e realizar compras a vista ou usar cartões de loja que oferecem condições diferenciadas.
Outra abordagem é focar na educação financeira para melhor entender os impactos de juros e encargos sobre o consumo diário. Oficinas de finanças pessoais e programas informativos podem contribuir significativamente para um melhor manejo dos recursos e aumento da consciência financeira entre a população.