O governo Lula está sendo pressionado pelas embaixadas de vários países europeus e americanos para trocar a sede da COP30 da cidade de Belém. Segundo fontes ligadas à organização do evento sobre o clima, as representações diplomáticas estão se queixando da escassa infraestrutura da capital do Pará. Principalmente da hotelaria e da logística rodoviária, consideradas completamente inadequadas para receber um encontro mundial desse porte.
Atualmente, existem menos de 6 mil quartos de hotel em Belém. Insuficientes para hospedar as cerca de 50 mil pessoas esperadas para a COP30. O evento está marcado para novembro deste ano.
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A vitrine de Barbalho
As embaixadas deixaram claro para o Executivo que, caso Belém seja mantida como sede do evento sobre o clima, haverá um risco concreto de não participação de chefes de Estado e de governo.
Entre as cidades que poderiam se tornar sede da COP30 estão São Paulo e Rio de Janeiro, que têm estruturas hoteleiras e logísticas preparadas para acolher eventos como esse.
Todavia, o Planalto está sofrendo uma dura resistência do governador do Pará, Helder Barbalho, que quer utilizar o evento como vitrine política para se projetar nacionalmente, de olho nas eleições de 2026.
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Contabilidade criativa
O déficit fiscal de 2024 foi oficialmente de 0,09% do PIB. Mas esse número não é levado a sério pelo mercado financeiro. As contas que bancos, corretoras e casas de análises estão fazendo mostram um rombo muito maior do que o divulgado pelo Tesouro Nacional.
Ao se adicionarem as despesas pagas antecipadamente em 2023, mas de competência de 2024, as receitas postergadas e as entradas não recorrentes (como os recursos pagos pela Petrobras em acordo tributário), o déficit primário do governo seria de 1,7% do PIB.
Para o Instituto Fiscal Independente (IFI), o déficit do Tesouro é maior do que o reportado. E a manipulação de gastos e despesas pelo governo causam uma percepção falsa.
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Confiança zero no governo
Os analistas internacionais não acreditam em novos cortes de gastos por parte do governo Lula. O Morgan Stanley considera a questão fiscal o centro das atenções no Brasil, mas descarta novas medidas significativas por parte do governo.
Segundo o banco americano, o pacote anunciado no fim de 2024 deve gerar uma economia de R$ 52 bilhões nos próximos dois anos. Um valor abaixo dos R$ 70 bilhões divulgados pela equipe econômica.
Para o Morgan Stanley, cortes significativos de gastos também são improváveis. Especialmente antes das eleições gerais em 2026.
O governo deve focar a reforma do Imposto de Renda, cujo impacto pode variar de R$ 35 bilhões a R$ 40 bilhões na arrecadação.
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Questão fiscal vai deprimir a bolsa
Para o banco suíço UBS, o desequilíbrio nas contas públicas é a maior preocupação relacionada ao Brasil e continuará limitando os ativos brasileiros, principalmente o real.
Segundo o diretor de investimentos de mercados emergentes nas Américas do UBS Global Wealth Management, Alejo Czerwonko, as ações listadas na Bolsa de Valores de São Paulo estão sendo negociadas com um valor 40% mais baixo em relação às ações de outros países emergentes.
“O (equilíbrio) fiscal é o calcanhar de Aquiles do Brasil”, disse, durante um evento do UBS realizado em São Paulo. E afirmou que falta um catalisador positivo para mudar essa visão.
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Itaú de olho na IA
O Itaú Unibanco comprou uma fatia de 15% do capital da NeoSpace, comece especializada em modelos de inteligência artificial (IA) generativa para o setor financeiro.
O valor da transação não foi revelado, mas a compra foi realizada por meio de uma rodada de investimentos na empresa, liderada pelo Itaú, que totalizou US$ 18 milhões.
O banco quer utilizar a tecnologia da NeoSpace para aprimorar recomendações personalizadas aos clientes com base em histórico e interesses. Além de possíveis aplicações nos modelos de análise do conglomerado.
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Correios em risco de insolvência
O Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos afirmou que a situação financeira dos Correios “demanda atenção” do governo.
A atual gestão dos Correios registrou o maior prejuízo da história da estatal em 2024. Entre janeiro e setembro – último dado disponível – o rombo foi de R$ 2,1 bilhões.
O governo avalia alternativas para garantir a sobrevivência da empresa. Em dezembro, um comunicado da própria estatal falou em risco de “insolvência”.
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Centrão quer o Banco do Brasil
A reforma ministerial mal foi anunciada, e o centrão já está de olho em seu alvo: o Banco do Brasil.
Davi Alcolumbre, futuro presidente do Senado, já indicou dois nomes para substituir a presidente do BB, Tarciana Medeiros. Ambos são “da casa”: Denísio Liberato, presidente da BB Asset, e André Haui, diretor-presidente do BB Seguridade.
Caso a operação seja bem-sucedida, o União Brasil aumentaria muito seu poder na Esplanada dos Ministérios, criando uma ligação forte com o agronegócio. O Banco do Brasil é hoje o maior financiador dos produtores rurais e operador do Plano Safra.
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Eletrobras entra na comercialização de energia
A Eletrobras convocou uma assembleia geral extraordinária (AGE) para 26 de fevereiro com o objetivo de discutir alterações no estatuto social.
Entre as propostas está a elevação do número de integrantes do conselho de administração de nove para dez. O número mínimo de membros independentes subiria de cinco para seis.
A empresa vai propor também a mudança do objeto social, com a inclusão de atividade de comercialização de energia elétrica.
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A Permanecer Máquinas
O setor de máquinas e equipamentos registrou uma queda de 8,6% na receita em 2024, na comparação com o ano anterior.
Segundo a Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), o consumo aparente recuou 0,2% no acumulado do ano passado.
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci) da indústria de máquinas encerrou dezembro em 73,2%.
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Pílula venenosa na Hapvida
A Hapvida convocou, para 18 de fevereiro, uma assembleia para que seus acionistas discutam a inclusão de uma cláusula de proteção em seu estatuto. O objetivo é evitar aquisições hostis.
A chamada “pílula venenosa” obrigará qualquer acionista ou grupo que atinja participação de 20% das ações a realizar uma oferta pelo restante dos papéis.
Segundo alguns analistas, essa medida poderia antecipar possíveis operações indesejadas pela diretoria do grupo de saúde.
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