Na última semana, o BTG Pactual, maior banco de investimentos da América Latina, fez duas alterações na sua Carteira Recomendada 10SIM (melhores 10 ações do mês) para janeiro.
As ações incluídas foram: JBS e Eletrobras substituindo Cyrela e Copel, respectivamente. Dessa forma, a seleção deste mês tem as seguintes empresas:
- Petrobras (PETR4) com 15%;
- Itaú Unibanco (ITUB4) com 10%;
- WEG (WEGE3) com 10%;
- JBS (JBSS3) com 10%;
- Eletrobras (ELET3) com 10%;
- Suzano (SUZB3) com 10%;
- BB Seguridade (BBSE3) com 10%;
- Sabesp (SBSP3) com 10%;
- Tim (TIMS3) com 10%; e
- Marcopolo (POMO4) com 5%;
“Portfólio defensivo” é a aposta para 2025
O cenário nacional ruim, que reflete principalmente a perda de confiança dos investidores na sustentabilidade fiscal do país, fizeram os analistas do BTG apostarem em um “portfólio defensivo” para 2025.
Recentemente, análises mostraram que a trajetória da dívida brasileira deve atingir 84% do PIB até o final de 2026, um aumento de 12 pontos percentuais em apenas quatro anos. E embora as medidas anunciadas em novembro atendam às metas fiscais de 2025 e 2026, os ajustes não enfrentam o rápido crescimento da relação dívida/PIB, segundo o banco. O anúncio também não foi o suficiente para reverter a desconfiança.
Além disso, para conter a inflação crescente, o Banco Central (BC) começou em setembro a aumentar a taxa básica de juros (Selic). O último aumento, que foi de 1 ponto percentual (pp), levou a Selic a 12,25% ao ano.
Mas não para por aí, a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que indicou duas novas altas de 1 pp, e os desdobramentos fiscais fazem o BTG Pactual ver a taxa em 15,25% no segundo trimestre de 2025 — o maior nível desde 2006.
Cenário internacional agrava incertezas
O panorama externo também não favorece os ativos locais. Nos Estados Unidos, a vitória republicana nas eleições e as altas taxas de juros de longo prazo podem manter a pressão sobre os mercados emergentes, incluindo o Brasil. Projeções indicam que a taxa de juros nos EUA cairá apenas 25 pontos-base em 2025, para ficar entre 4% e 4,25% ao ano.
Além disso, na China, os estímulos econômicos anunciados recentemente não atenderam às expectativas, levantando dúvidas sobre a recuperação do consumo e a estabilização do mercado imobiliário.
Itaú: aposta no setor bancário
Para aproveitar o ambiente de juros elevados, o setor bancário recebeu mais atenção. O Itaú foi escolhido e apontado como destaque entre os grandes bancos, com projeções de crescimento nos lucros e níveis elevados de rentabilidade sobre o patrimônio (ROE).
Exposição ao dólar ganha força
O relatório destaca o aumento da exposição da Carteira Recomendada ao dólar com a inclusão da JBS na carteira, substituindo a Cyrela. A JBS possui um “yield” de geração de caixa em torno de 12%. A Suzano e a WEG, adicionadas no mês anterior, reforçam essa estratégia.
Vale ressaltar que Petrobras e Marcopolo continuam na lista. A Petrobras, com receita atrelada ao petróleo (precificado em dólar), apresenta dividend yield de 10% a 15%. Já a Marcopolo obtém 10% de sua receita de exportações.
Mudanças em serviços básicos
No setor de serviços básicos, a Eletrobras substitui a Copel. Os analistas veem potencial em um acordo sobre governança e Eletronuclear. A Sabesp permanece como a principal recomendação no setor. Outras empresas destacadas são BB Seguridade e TIM, ambas com elevado pagamento de dividendos.
Desempenho da Carteira Recomendada do BTG Pactual
Em dezembro, a Carteira 10SIM teve queda de 2,5%, ficando acima do Ibovespa (-4,3%), principal índice da Bolsa brasileira, e do índice IBrX-50 (-4%). Em 2024, a queda foi de 11,8%, maior que a baixa de 10,4% do Ibovespa e 8,1% do IBrX-50. A taxa CDI subiu 10,8% no período.
Desde a gestão iniciada por Carlos E. Sequeira em 2009, o portfólio registra um ganho acumulado de 372,9%, superando a valorização do Ibovespa (95,5%) e do IBrX-50 (135,5%).