As empresas não financeiras listadas na Bolsa de valores brasileira, a B3, obtiveram um lucro líquido de R$ 103,5 bilhões no terceiro trimestre deste ano, representando um crescimento de 53,54% em relação ao mesmo período de 2023, segundo análise da consultoria Elos Ayta, divulgada nesta quinta-feira (21).
Esse resultado reflete a combinação entre eficiência operacional e redução de despesas financeiras, além de ganhos em setores-chave, como commodities, resultando em um crescimento expressivo tanto dos lucros quanto na geração de caixa.
No total, foram analisadas 297 companhias, com exceção da Americanas, a fim de evitar distorções geradas pelo balanço surpreendente da companhia.
Aumento das receitas e custos estáveis
As receitas das empresas não financeiras listadas na B3 chegaram a R$ 1,08 trilhão no trimestre, com um crescimento de 12,03% em relação ao ano anterior. O custo dos produtos vendidos (CPV) também aumentou no período, com uma variação de 12,86%, totalizando R$ 796,9 bilhões.
Segundo a análise, a estabilidade tanto das receitas quanto do CPV sugere um controle eficaz sobre a produtividade e a manutenção da margem bruta em níveis competitivos, apesar de uma leve queda de 0,54 pontos percentuais. A Elos Ayta considera, ainda, que empresas que operam com maior eficiência nos custos conseguem preservar a margem de contribuição, o que é essencial para suportar flutuações de mercado.
O bom desempenho é atribuído principalmente à boa gestão das linhas de produção, mitigando pressões inflacionárias excessivas nos custos variáveis.
Eficiência impulsiona lucro operacional
O lucro operacional (EBIT) das empresas listadas na Bolsa de Valores cresceu 22,09%, alcançando R$ 188,5 bilhões; enquanto a redução de 7,37% nas despesas operacionais foi um dos destaques, reforçando o foco em eficiência e alavancagem operacional.
A margem EBIT avançou 1,43 pontos percentuais, indicando que, mesmo em um cenário de incertezas econômicas, as empresas mantiveram esforços para preservar a rentabilidade operacional.
Redução do dólar impulsiona resultado financeiro
O resultado financeiro consolidado apresentou uma redução de 29,63% no prejuízo, que no ano passado era de R$ 66,1 bilhões e passou para R$ 46,5 bilhões no último trimestre.
Essa melhora foi impulsionada pela queda de 13,24% nas despesas financeiras, associada à desvalorização do dólar Ptax (-1,99% em 2024), o que trouxe alívio em comparação à valorização de 3,91% registrada no terceiro trimestre de 2023.
Dividendos atraem investidores para a B3
O destaque do trimestre foi a distribuição de dividendos, que somou R$ 148,5 bilhões, um aumento de 228,05% em comparação a 2023, atribuído principalmente ao bom desempenho da Petrobras e da Vale, que foram responsáveis por grande parte do avanço, com R$ 56,2 bilhões adicionais.
Essa estratégia reforça o atrativo das ações para investidores focados em retorno imediato. Por outro lado, abre o debate sobre o equilíbrio entre distribuição de lucros e reinvestimentos para crescimento.
Endividamento em alta e geração de caixa
O endividamento bruto das empresas subiu 10,33%, alcançando R$ 2,27 trilhões. A dívida líquida também aumentou (+8,39%), atingindo R$ 1,53 trilhão. Apesar disso, o caixa cresceu 14,63%, chegando a R$ 736,5 bilhões, indicando maior liquidez no período.
Esse movimento pode ser interpretado como uma estratégia para enfrentar possíveis instabilidades econômicas ou preparar investimentos futuros.
Empresas da B3 ajustam estratégias no 3º trimestre
As empresas não financeiras listadas na B3 encerraram o terceiro trimestre de 2024 com ajustes importantes em suas margens e rentabilidade — Embora as margens operacionais tenham melhorado, com o EBIT subindo 1,43 pontos percentuais e a margem líquida avançando 2,57 pontos percentuais, a margem bruta recuou levemente (-0,54 p.p.), indicando pressões nos custos de produção.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), que mede a eficiência das empresas em gerar lucro com os recursos dos acionistas, também apresentou um leve recuo, de 15,85% para 15,56%, mostrando uma estabilidade na rentabilidade, apesar dos desafios operacionais.
O aumento do endividamento bruto, apesar do crescimento da liquidez, pode representar um ponto de atenção. Em um ambiente de taxas de juros elevadas, os custos financeiros podem pressionar os resultados futuros, especialmente para empresas que dependem de financiamentos de longo prazo.