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Mar Báltico se tornou uma preocupação de segurança desde o início da guerra na Ucrânia

Alemanha vê sabotagem em ruptura de cabo submarino no Mar Báltico

Berlim descarta hipótese de que quebra de cabo de fibra ótica tenha sido acidental. Ainda não está claro quem estaria por trás do suposto atentado.O ministro da Defesa da Alemanha, Boris Pistorius, afirmou nesta na terça-feira (19/11) que os danos causados a um cabo submarino de transmissão de dados que conecta a Alemanha à Finlândia resultou provavelmente de um ato de sabotagem.




Mar Báltico se tornou uma preocupação de segurança desde o início da guerra na Ucrânia

Foto: DW/Deutsche Welle

Os danos foram relatados pela primeira vez nesta segunda-feira. As autoridades disseram que o cabo C-Lion, de 1.173 quilômetros, que atravessa o Mar Báltico da capital finlandesa Helsinque até o porto alemão de Rostock teria sido rompido por uma “força externa”.

O diretor-executivo da empresa finlandesa de segurança cibernética e de redes de telecomunicações Cinia disse que o dano ocorreu perto da ponta sul da ilha sueca de Oland e que levaria de cinco a 15 dias para ser consertado.

O ministro da Defesa Civil da Suécia, Carl-Oskar Bohlin, relatou nesta segunda-feira que um segundo cabo submarino havia sido danificado. O incidente ocorreu na mesma região marítima onde os gasodutos Nord Stream foram sabotados em 2022 após a invasão da Ucrânia pela Rússia, que teve início em fevereiro daquele ano.

O primeiro dos supostos ataques ocorreu contra uma linha de dados de internet de 218 quilômetros de extensão entre a Lituânia e a ilha sueca de Gotland na manhã de domingo, informou a empresa de telecomunicações Telia Lietuva.

O segundo incidente atingiu o cabo de quase 1.200 quilômetros entre Helsinki e Rostock, que parou e transmitir dados no início da tarde desta segunda-feira, segundo a Cinia.

A Suécia e a Finlândia anunciaram a abertura de uma investigação conjunta. A Marinha da Lituânia anunciou que intensificará sua presença no Mar Báltico. Autoridades finlandesas e alemãs já investigam as causas da ruptura desta segunda-feira.

“Não pode ser apenas coincidência”

A ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, disse que a Europa permanecerá unida diante das ameaças híbridas, após o corte nos cabos de fibra ótica no Mar Báltico.

“Agora também vivenciamos isso na Alemanha (…) com ataques cibernéticos, espionagem nas infraestruturas críticas, encomendas explodindo repentinamente quando transportadas em aviões e ontem (…) um cabo de transmissão de dados entre a Finlândia e a Alemanha, que provavelmente também afetou a Suécia”, disse Baerbock. “Isso não pode ser apenas coincidência.”

“Ninguém acredita que esses cabos foram cortados acidentalmente. Também não quero acreditar em versões de que teriam sido âncoras que acidentalmente causaram danos nesses cabos”, disse Pistorius antes de uma reunião dos ministros da Defesa da União Europeia (UE), em Bruxelas.

“Portanto, temos que declarar, sem saber especificamente de quem veio, que foi uma ação ‘híbrida’. Temos também que presumir, sem saber ainda, que é sabotagem”, acrescentou.

Ameaças à segurança europeia

Embora Pistorius não tenha conseguido produzir nenhuma evidência para confirmar suas suspeitas, o ministro da Defesa da Estônia, Hanno Pevkur, com base em suas informações preliminares, também não acredita que isso tenha ocorrido devido a uma “causa natural”.

“A segurança europeia não está apenas sob ameaça da guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, mas também da guerra híbrida por atores mal intencionados”, afirmou uma declaração conjunta dos Ministros do Exterior da Alemanha e da Finlândia na noite desta segunda-feira.

O comando marítimo da Otan (Marcom) avalia que as ameaças a estruturas submarinas vêm aumentando. “Esses ataques demonstram o quão vulneráveis essas infraestruturas podem ser. A Otan está aumentando as patrulhas nas proximidades dessas instalações.”

No início do ano, a Marcom alertara que a segurança de quase um bilhão de pessoas em toda a Europa e na América do Norte estava sob ameaça das tentativas russas de atingir as extensas vulnerabilidades das infraestruturas subaquáticas, incluindo as usinas eólicas, que, segundo a entidade, estariam vulneráveis a ataques.

Eventos semelhantes em anos recentes

Em setembro de 2022, explosões romperam ambos os trechos do gasoduto russo Nord Stream 1 e um dos dois trechos do Nord Stream 2 perto da ilha dinamarquesa de Bornholm. Os gasodutos transportavam gás natural da Rússia para a Alemanha e a Europa central. O caso ainda não foi totalmente esclarecido, mas há fortes indícios de sabotagem – e os principais suspeitos são pessoas supostamente leais à Ucrânia.

Em outubro de 2023, o gasoduto Balticconnector entre a Finlândia e a Estônia foi danificado em um episódio que as autoridades finlandesas disseram ter sido provavelmente um ato deliberado. A Finlândia e a China estão envolvidas em conversações diplomáticas desde outubro do ano passado sobre o possível papel de um navio de carga registrado em Hong Kong nos danos causados ao gasoduto.

Também em outubro de 2023, a Suécia relatou que um cabo submarino com a Estônia havia sido danificado.

Tanto a Finlândia quanto a Suécia se juntaram à Otan após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, abandonando a neutralidade adotada pelas duas nações durante a Guerra Fria.

rc/md (Reuters, AFP, dpa)

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