O Brasil lançou nesta quarta-feira (13), a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e Transformação Ecológica (BIP), durante a COP29, conferência climática da ONU, que acontece em Baku, Azerbaijão. O lançamento contou com a participação do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.
A BIP é destinada à captação de capital nacional e internacional, com o objetivo de apoiar os planos brasileiros de transição climática e transformação ecológica. O projeto fortalece o compromisso do Brasil com a neutralidade de carbono até 2050 e busca colocar o país em posição de liderança na economia verde.
Principais aspectos da BIP
A BIP é uma plataforma digital que coordena as principais iniciativas do governo brasileiro voltadas para a economia sustentável. A plataforma facilita o contato entre investidores e projetos prioritários, permitindo que instituições financeiras e empresas de diversos países invistam em projetos verdes no Brasil de forma mais organizada e centralizada.
Segundo a Secretária Nacional de Mudança do Clima, Ana Toni, a BIP permite que os investidores encontrem, em um único lugar, as informações essenciais para investir em projetos alinhados com a visão e as prioridades dos diversos ministérios do Brasil.
“Ela é tão importante porque normalmente os bancos internacionais chegam no Brasil e vão passando de porta em porta, de ministério em ministério. O que a plataforma faz é coordenar isso e colocar numa plataforma as prioridades a partir da visão do governo como um todo e de cada um dos ministérios”, ressalta.
Setores prioritários da BIP
A plataforma, inicialmente, foca em três setores essenciais para a economia verde brasileira:
- Soluções baseadas na natureza e bioeconomia: incluindo manejo sustentável de vegetação nativa, redução do desmatamento e agricultura regenerativa.
- Indústria e mobilidade: busca descarbonizar indústrias intensivas, como a de aço e cimento, além de fomentar o transporte elétrico e o uso de fertilizantes verdes.
- Energia: apoio ao desenvolvimento de energia solar descentralizada, eólica offshore e tecnologias de hidrogênio de baixo carbono.
Principais ações promovidas pela plataforma
A plataforma criará um fórum global que deve reunir diferentes setores para impulsionar a colaboração entre os setores público e privado. As ações planejadas incluem:
- Mapeamento e priorização de pipelines de projetos alinhados aos planos do governo;
- Reunião de uma comunidade global de investidores públicos e privados;
- Desenvolvimento de mecanismos de financiamento inovadores;
- Superação de barreiras políticas, destravando investimentos;
- Apoio às prioridades climáticas e de desenvolvimento do Brasil durante suas presidências do G20 e da COP30.
Oportunidade de investimento
Por meio dessa plataforma, o Brasil busca atrair um fluxo de capital significativo para iniciativas verdes – A BIP, hospedada pelo BNDES, também contará com apoio técnico e financeiro de instituições internacionais, como a Aliança Financeira de Glasgow para o Net Zero (GFANZ), o Fundo Verde para o Clima (GCF) e a Bloomberg Philanthropies.
A plataforma oferecerá um fórum intersetorial, com objetivo de promover a colaboração público-privada, o que deve aumentar a confiabilidade e atratividade dos projetos listados.
Para facilitar o fluxo de capital, a BIP planeja desenvolver mecanismos inovadores de financiamento e reunir uma comunidade global de investidores. Entre as ações previstas estão a priorização de projetos sustentáveis e a superação de barreiras políticas para acelerar investimentos.
Protagonismo na economia verde
Geraldo Alckmin destacou que a plataforma BIP pode transformar a vida de cerca de 29 milhões de pessoas que vivem na Amazônia, região com alta biodiversidade e um potencial econômico ainda subexplorado. A ideia é que a região seja a central no desenvolvimento de biotecnologia e produtos farmacêuticos e cosméticos, atraindo investimentos baseados na biodiversidade brasileira.
“Nós temos um potencial de biodiversidade fantástico na região amazônica. Então transformamos o Centro de Bionegócios da Amazônia (CBA) num contrato de gestão para que tenha melhor resultado e a gente possa unir pesquisa, inovação, novos empreendimentos e geração de emprego e renda”, completou.
Na mesma linha, Marina Silva enfatizou que a BIP faz parte de uma estratégia de transformação econômica e social; que o projeto visa promover um “novo ciclo de prosperidade” que combina crescimento econômico com respeito ao meio ambiente e combate às desigualdades sociais.
Expectativas para a COP30 no Brasil
O lançamento da BIP vem em um momento de preparação para a COP30, que será realizada em Belém, no Brasil, em 2025. Alckmin afirmou que o Brasil espera aproveitar a COP30 para consolidar a imagem do país como protagonista global em soluções para a crise climática e em investimentos sustentáveis.
A plataforma representa um modelo para outros países, combinando políticas públicas com investimentos privados e incentivando iniciativas que contribuam para o desenvolvimento sustentável e o combate ao aquecimento global.
A iniciativa foi apresentada inicialmente em Washington, no dia 24 de outubro, pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, como um projeto conjunto dos Ministérios da Fazenda, do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) e de Minas e Energia (MME).
*Com informações da agência de notícias CMA